dimanche 6 mai 2012


GEODIVERSIDADE – CONCEITOS E VALORES
1. Observando o meio físico natural que nos rodeia, veremos uma diversidade de ambientes geológicos, fenómenos e processos geradores de paisagens, rochas, minerais, solos e outros depósitos superficiais, ou seja, a geodiversidade, ocorrendo desde a escala microscópica, minerais, até em grande escala, montanhas. A geodiversidade é o suporte de todos os sistemas terrestres e da Biodiversidade, proporcionando os recursos geológicos [qualquer substância de natureza geológica, (sólida, liquida ou gasosa) ou mesmo calor geotérmico] que têm condicionado o desenvolvimento da humanidade, sendo essencial conhecer e compreender o seu valor e o seu papel na dinâmica do nosso Planeta e na própria Vida. Estas partes não vivas do ambiente natural têm valores significativos, e muitos aspectos desta geodiversidade são tão sensíveis a perturbações como a biodiversidade. Além disso, a biodiversidade é dependente da geodiversidade, de modo que a conservação bem sucedida da natureza exige a integração de bioconservação como da geoconservação. Contudo a Conservação da Natureza tem esquecido a sua vertente geológica sua valorização, preservação e repercussão na sociedade.
Assim, a abordagem tradicional à temática da Conservação da Natureza contempla, essencialmente, aspectos e preocupações relativos à biodiversidade. Sem dúvida que esta é uma vertente importante e crucial na conservação da natureza. Essa abordagem omite, no entanto, e na maioria das vezes, as questões relativas à geodiversidade, esquecendo que esta constitui o suporte essencial para a biodiversidade (Brilha, 2005).
A individualização dos conceitos de Património Geológico e de Geoconservação no seio dos temas mais abrangentes de Conservação da Natureza e do Ambiente, representa uma evolução positiva relativamente recente, sendo estes conceitos ainda pouco reconhecidos pela sociedade em geral e, até, por grande parte dos próprios geólogos.
 A crescente consciencialização de que a humanidade é parte integrante do Sistema Terra, e que nele qualquer acção afecta o conjunto, a aceitação inevitável da vulnerabilidade e a finitude dos recursos naturais, assim como a percepção do homem como agente geológico tem contribuído para a compreensão da importância das geociências. 
Neste âmbito vem-se desenvolvendo conceitos importantes que passaram a fazer parte da comunidade científica, nomeadamente:
                                                    
Geodiversidade é um termo muito recente que começou a ser utilizado por geólogos e geomorfologos na década de noventa para descrever a variedade do meio abiótico, no entanto tudo indica que o termo foi utilizado pela primeira vez na Austrália em 1993.
Assim, geodiversidade (ou diversidade geológica) é a variedade (a diversidade) de elementos e de processos geológicos, sob qualquer forma, a qualquer escala e a qualquer nível de integração, existente no nosso Planeta (do grego gê, Terra + latim diversitate, diversidade) 1.
O conceito de geodiversidade engloba todos os materiais e fenómenos geológicos que dão corpo ao Planeta e o modificam (a sua estrutura e a sua superfície) e que, em conjugação com a biodiversidade, define a essência material da Terra e o modo como ela se transforma e evolui. Pode ser usado em abstracto, por exemplo, para designar a geodiversidade do Planeta, ou ser aplicado, concretamente, a qualquer área geográfica, desde uma região local a um continente.
Assim, a geodiversidade de uma dada região é função da variedade de aspectos geológicos dessa região: Paleontológicos, Geomorfológicos, Petrológicos, Tectónicos, Hidrogeológicos, Mineralógicos, Paisagísticos, etc.
Por outro lado, quanto maior a variedade de aspectos geológicos de uma região, mais elevada a sua geodiversidade. Pelo contrário, vasta área onde ocorre menor número de rochas e de aspectos geomorfológicos distintos, terá uma geodiversidade baixa. Contudo, importa salientar que, mesmo áreas ditas com "baixa geodiversidade" são fundamentais, pois em conjunto com as restantes áreas do Planeta, constituem a geodiversidade global.
Para alguns autores a Geodiversidade se limita ao conjunto de rochas, minerais e fósseis, enquanto que para outros é um conceito mais alargado, integrando mesmo as comunidades de seres vivos.
Segundo a Royal Society for Nature Conservation (Reino Unido): a Geodiversidade consiste na variedade de ambientes geológicos, fenómenos e processos activos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solo e outros depósitos superficiais que são o suporte para a vida na Terra.
Ainda pode ser definida como a variedade de paisagens, rochas, minerais, fosseis, solos, etc.
Também é de ressaltar a Geodiversidade ou diversidade geológica com acentuada diversidade geocientifica composta por diferentes elementos e processos que no conjunto formam geótopos. Um Geótopo é uma área delimitada, representa um fenómeno geológico especial ou uma combinação de fenómenos geológicos. Então podemos considerar que todas as áreas na Terra fazem parte de um ou vários geótopos, sendo fundamentais para biótopos. Assim, a Diversidade geológica e biológica são duas partes do todo que constitui a diversidade da natureza.
Com base nas diferentes definições, podemos considerar que a Geodiversidade compreende apenas aspectos não vivos do planeta e testemunhos provenientes de um passado geológico (minerais, rochas e fosseis), mas também os processos naturais que actualmente decorrem, dando origem novos testemunhos. Assim, a biodiversidade é definitivamente condicionada pela geodiversidade, uma vez que os diferentes organismos apenas encontram condições de subsistência quando se reúne uma série de condições abióticas indispensáveis, (solo, agua, luz, temperatura, minerais).
Geoconservação
Trata-se de um termo com carácter recente pelo que ainda não reúne consenso entre os especialistas. Surgiu da necessidade de conservar o património geológico que vem enfrentando diferentes tipos de ameaças decorrentes quer de processos naturais, quer de actividades antrópicas. O conceito de geoconservação visa defender a geodiversidade com base nos seus valores pois, o acto de proteger e conservar justifica-se porque lhe é atribuído algum valor. Assim Sharples (2000) e, posteriormente Gray (2004) sistematizaram os valores associados à geodiversidade a seguir descritos de forma sintética:
Valor intrínseco – a geodiversidade deve ser protegida porque é importante por si mesma, pelo que deve ser respeitada por todos;
Valor cultural – a sua importância nas questões arqueológicas e históricas
Valor estético – permite o lazer através da observação de paisagens naturais (geoturismo);
Valor económico – explicado pela dependência humana dos recursos fornecidos pela geodiversidade, nomeadamente: energéticos [(exploração de rochas carbonosas, carvão, petróleo e gás natural, (combustíveis fosseis)]; exploração de minerais metálicos e não metálicos (diamante); energia geotérmica; fornecimento de materiais de construção civil;
Valor funcional – representa o substrato para sustentação dos sistemas físicos e ecológicos;
Valor científico – possibilita a investigação científica em termos geológicos, permitindo conhecer, interpretar e reconstituir a história da terra (fósseis);
Valor educativo – contacto directo com geodiversidade (aulas de campo).
A Geoconservação pode ser então definida como fruição, uso consciente e protecção dos recursos da geodiversidade.
Também pode ser definida como: Todas e quaisquer acções empreendidas no sentido de preservar e de defender a geodiversidade1.
Sharples (2002) resume o conceito da seguinte forma: “A Geoconservaçao tem como objectivo a preservação da diversidade natural, ou geodiversidade de significativos aspectos e processos geológicos (substrato), geomorfologicos (forma da paisagem) e do solo mantendo a evolução natural (velocidade e intensidade) desses aspectos e processos”, defendendo assim a geoconservação não só por ser fundamental para a manutenção da biodiversidade, mas também pelo seu valor intrínseco mesmo quando não associado a qualquer forma de vida.
O objectivo da geoconservação em sentido amplo será a utilização e gestão sustentável de toda a geodiversidade, enquanto que no sentido restrito abarca apenas a conservação de certos elementos da geodiversidade que evidenciam um qualquer tipo de valor superlativo, ou seja, superior a media, citando como exemplo Geossítios.
Geossitiossão ocorrências geológicas que possuem inegável valor científico, pedagógico, cultural, turístico, ou outros, constituindo o património geológico.
Também pode ser definido como, ocorrência de um ou mais elementos da geodiversidade (afloramentos quer em resultado da acção de processos naturais quer devido à intervenção humana), bem delimitado geograficamente e que apresente valor singular do ponto de vista cientifico, pedagógico, cultural, turístico, ou outro.
Geossítios são exposições de rochas ou formas de terreno com alto valor para as geociências, enquanto geotópos são geossítios (muito especiais) distinguidos por valor notável.
Património Geológico
É definido pelo conjunto dos geossitios inventariados e caracterizados numa dada área ou região, ou parcela especial da geodiversidade materializada nos geossítios, que merece protecção para as gerações futuras.
Património geológico, importante componente do património natural, pode ser definido como “um georrecurso não renovável, que, pelo seu valor cultural, estético, económico, funcional, científico e educativo, deve ser preservado para as gerações vindouras” (Brilha, 2005).
Segundo Brilha (2005), património geológico é o conjunto de geossítios de uma determinada região, ou seja, locais bem delimitados geograficamente, onde ocorrem um ou mais elementos da geodiversidade com singular valor do ponto de vista científico, pedagógico, cultural e turístico.
O conceito de Património geológico também pode ser entendido como o conjunto de recursos naturais não-renováveis, de valor científico, cultural ou educativo, que permite conhecer, estudar e interpretar a história da evolução geológica da Terra e os processos que a modelaram (Sharples, 2002).
O património geológico pode, ainda, ser considerado como mais uma componente para o desenvolvimento económico dos espaços naturais, permitindo acrescentar a expressão georrecurso, entendido como o elemento, conjunto de elementos, lugares e espaços de valor geológico que atendam ao menos uma das condições: i) elevado valor científico e/ou didáctico que justifique protecção/gestão específica; ii) susceptibilidade de uso objectivando incrementar a atractividade sobre uma região.
Geomonumentos são ocorrências geológicas que, pela sua elevada importância e pelo facto de constituírem recursos valiosos não renováveis, devem ser preservados e respeitados2.
Área de interesse científico, é definido como local com uma excepcional concentração de geossítios, esta classificação só se aplica quando se registam em média, mais de dez geossitios por Km2 (Braga, 2005). O patrimônio geológico é usualmente protegido indiretamente, entre os valores biológicos, paisagísticos, estéticos ou culturais dos espaços naturais. O espírito conservacionista, marcadamente bioconservacionista, progrediu rapidamente para uma visão holística da natureza, passando a incluir e valorar os elementos geológicos não só por sua importância científica ou didática, mas por reconhecer neles a base dos ecossistemas.
Geoparques
Segundo a definição da UNESCO, um geoparque é "um território de limites bem definidos com uma área suficientemente grande para servir de apoio ao desenvolvimento sócio-económico local" 4.
Deve abranger um determinado número de sítios geológicos de relevo ou um mosaico de entidades geológicas de especial importância científica, raridade e beleza, que seja representativa de uma região e da sua história geológica, eventos e processos. Poderá possuir não só significado geológico, mas também ao nível da ecologia, arqueologia, história e cultura. Representa o patrimônio geológico de importância internacional, cujo objetivo é o de explorar, desenvolver, e celebrar os vínculos entre este patrimônio geológico e todos os outros aspectos do património natural, cultural e imaterial da região. Pretende conectar a sociedade humana em todos os níveis para o planeta que chamamos de casa, para comemorar como o nosso planeta e a sua historia ao longo de 4600 milhões de anos moldou cada aspecto das nossas vidas e nossas sociedades.
Também podemos adicionar o conceito de Património Natural que designa “algo com características físicas, biológicas e geológicas extraordinárias; habitats de espécies animais ou vegetais em risco e áreas de grande valor do ponto de vista científico e estético ou do ponto de vista da conservação3.
Tipos de Património Natural:

1. Formações físicas e biológicas, ou grupos destas formações, de valor universal incalculável do ponto de vista estético e científico.

2. Formações geológicas e fisiográficas e áreas bem delimitadas que constituam o habitat de espécies animais ou vegetais em risco de valor incalculável do ponto de vista da ciência e da conservação.
3. Sítios naturais ou áreas naturais bem delimitadas de valor universal incalculável do ponto de vista da ciência, da conservação ou da beleza natural. 
Pelo exposto podemos concluir que os conceitos descritos irão assumir nos próximos anos uma importância crescente no contexto de uma preocupação ecológica que visa a gestão e a conservação do património natural. Só assim se pode assegurar que as actividades antrópicas salvaguardem as riquezas geológicas e biológicas, promovendo a sua valorização e uso de forma sustentável.
Bibliografia
Brilha J. (2005) – Património Geológico e Geoconservação – A conservação da Natureza e Sua Vertente Geológica.
Geoconservation.pdf  
1http://pt.wikipedia.org/wiki/Geodiversidade [consultado em 28-04-2012]
2 http://pt.wikipedia.org/wiki/Geomonumento  [consultado em 04-05-12]
3 http://www.icm.gov.mo/exhibition/tc/nhintroP.asp    [consultado em  04-05-2012]
4 http://www.unesco.org/new/en/natural-sciences/environment/earth-sciences/geoparks  [consultado em 05-05-2012]
Olinda Neves (1102702)





   Fonte: Google image

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