samedi 19 mai 2012


Tema 6 _ Ameaças à Geodiversidade e Estratégias de Geoconservação 
A temática da Conservação da Natureza, tradicionalmente contempla aspectos e preocupações relativas à biodiversidade. Trata-se de uma vertente importante e crucial na conservação da Natureza, no entanto esta abordagem esquece na maioria das vezes as questões relativas a geodiversidade, suporte essencial para a biodiversidade.
Esta percepção advém talvez de uma tendência geral para pensar no mundo biológico como frágil e vulnerável e, portanto, necessitando de conservação, enquanto que o mundo abiótico (montanhas e rochas) é visto como estável, estático e jamais a estar em perigo. Trata-se de uma simplificação grosseira, uma vez que muitas ameaças à geodiversidade do planeta ou áreas locais específicas são comparáveis ​​as enfrentadas pela biodiversidade.
De salientar que os tipos de actividades artificiais que podem conduzir à degradação da geodiversidade dependem dos tipos de valores em causa. Além disso, o impacto de uma operação irá variar dependendo da sensibilidade, estabilidade ou robustez do lugar. Uma operação que teria um efeito devastador em uma área pode ser mais aceitável em outra localização, mais robusta. Isso ocorre porque alguns sistemas são capaz de auto-regeneração num espaço de tempo relativamente curto, devido ao funcionamento contínuo de processos naturais, enquanto outras alterações são irreversíveis porque os processos já não operam ou a mudança a paisagem é fundamental.
A maior parte das ameaças à geodiversidade advém directa ou indirectamente das actividades antropicas, encontrando-se ameaçada a diversas escalas e em graus distintos, indo desde a degradação da paisagem natural a um pequeno afloramento. Assim, podemos considerar as seguintes ameaças directas:
A exploração de recursos minerais e a consequente utilização pelo homem na satisfação das suas necessidades de desenvolvimento, conduziram a destruição de parte importante da geodiversidade, podem constituir uma ameaça à geodiversidade a dois níveis:
Ø  a nível das paisagens - explorações a céu aberto, sem medidas mitigadoras dos impactes negativos causados na paisagem natural.
Ø  ao nível do afloramento - consumo de materiais geológicos, como fósseis ou minerais de valor científico, ou ainda a destruição de formações e estruturas geológicas com valor particular (cones vulcânicos entre outros); a exploração intensiva de inertes nos leitos dos rios, ribeiras, nas zonas costeiras com consequências negativas, afectando os ciclos naturais de transporte e sedimentação.

Desenvolvimento de obras e estruturas – abertura de vias de comunicação, barragens, edifícios de grande envergadura que induzem graves impactes na geodiversidade.
Gestão de bacias hidrográficas - construção de barragens, diques e canais com o objectivo de regularizar caudais e prevenir cheias, causam alterações a dinâmica natural dos cursos de água.
Florestação, desflorestação e agricultura - a vegetação pode ocultar as características geológicas de uma região; a desflorestação por sua vez promove a erosão dos solos; a agricultura industrializada intensiva e o uso de máquinas conduzem a erosão do solo, aliados a utilização de adubos e pesticidas que provocam a contaminação das águas superficiais e subterrâneas.
Actividades militares – treinos, uso de maquinaria pesada, bombardeamentos, utilização de munições podem impactar negativamente o solo (erosão), e contaminar águas superficiais e lençóis subterrâneos.
Actividades recreativas e turísticas – o crescente aumento de actividades recreativas e turísticas, nomeadamente as que se desenvolvem em ambientes naturais, colocam a Geodiversidade, assim como a Biodiversidade sob pressão, citando como exemplo, determinados tipos de desportos praticados em locais sensíveis e com solos frágeis (dunas, montanhas), colocando estas estruturas geológicas em perigo de destruição.
Por outro lado, a progressiva massificação de actividades recreativas, técnico/científicas relacionadas com visitas a grutas causam impactes negativos nesses ambientes, conduzindo à destruição destas estruturas cársicas.
Colheita de amostras geológicas para fins não científicos - Esta actividade implica recolha e transporte de amostras de rochas e minerais que podem ocorrer em zonas públicas ou áreas protegidas com o intuito lucrativo, conduzindo a uma delapidação do património geológico, acrescentando ainda as recolhas efectuadas com fins pedagógicos.
Iliteracia cultural – A deficiente formação técnico/científica na área das Ciências da Terra por parte de responsáveis políticos, técnicos e do público em geral estará, provavelmente, na base da maior parte das ameaças referidas.
Podemos ainda acrescentar um conjunto de ameaças indirectas que não sendo, ameaças directamente imputáveis ao ser humano, são por ele potenciadas: as alterações climáticas, o aquecimento global, o aumento do nível médio do mar, são consequências da acção humana. Por outro lado, a má gestão da faixa litoral, a sua urbanização excessiva e a instalação desregrada de estruturas de “protecção costeira” são factores potenciadores de erosão.
Ameaças à Geodiversidade (exemplos):
Desflorestação
                                         Fonte: google image.
Extração mineira
                                
                                        Fonte: google image.
Exploração intensiva de inertes
 
                                         Fonte: google image
Estratégias de Geoconservação            
O património geológico vem enfrentando diversas ameaças, e, tratando-se de um recurso natural não renovável a sua destruição constitui uma perda irreparável, daí a necessidade de implementação de estratégias de Geoconservação. Assim, as actividades que tem como finalidade a conservação e gestão sustentável do Património Geológico e dos seus processos naturais a ele associados denominam-se por Geoconservação. A geoconservação não pretende proteger toda a geodiversidade, mas apenas os elementos com valores científico, cultura, ou seja, o Património Geológico. Todavia para que a geoconservação se efective é necessário que sejam adoptadas algumas estratégias que se encontram agrupadas, obedecendo as seguintes etapas sequenciais: inventariação, quantificação, classificação, conservação, valorização, divulgação e monitoramento (Brilha (2005).
A inventariação consiste no levantamento sistematizado dos geossítios após ser feito um reconhecimento de toda a área de estudo, sendo seleccionados apenas aqueles que apresentam características excepcionais.
O processo de quantificação é uma tarefa difícil e, actualmente, raramente efectuada, principalmente por não se encontrarem bem definidos os seus principais critérios de base (Brilha, 2005). Ela é considerada por alguns autores a etapa mais difícil pela dificuldade em dar valores, estabelecendo qual geossítio é o mais importante.
A classificação consiste no enquadramento do património geológico às leis para sua conservação, gestão e monitoramento, seguindo percursos distintos, consoante o âmbito em que se enquadram.
Segundo Brilha (2005) o objectivo principal da conservação deverá ser sempre o de manter a integridade física do geossítio, assegurando, ao mesmo tempo, a acessibilidade do público ao mesmo tempo.
A valorização e divulgação dos geossítios são etapas importantes que, quando mal planejadas podem levar à degradação do mesmo. A valorização precede a divulgação e consiste no investimento de instrumentos que valorizem o geossítio, como dotá-lo de informações e meios interpretativos para que o público reconheça a sua importância (a produção de painéis informativos e/ou interpretativos que são colocados estrategicamente, perto de cada geossítio). O monitoramento enquanto etapa final tem por objectivo analisar a evolução da conservação do geossítio. Permite avaliar e orientar medidas de gestão, auxiliando inclusive na definição de políticas ambientais. Brilha (2005), recomenda que cada geossítio deve ter sua estratégia de conservação devido às suas particularidades e que o monitoramento deve ser no mínimo anualmente, o que permitirá a manutenção da sua relevância.
Bibliografia:
Brilha, José (2005) Património Geológico e Geoconservação: A Conservação Da Natureza Na Sua Vertente Geológica. Disponível em:
http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=2371861 [ consultado em 15 de Maio de 2012].

Lopes, L.S.O. & Araújo, J.L.L. PRINCÍPIOS E ESTRATÉGIAS DE GEOCONSERVAÇÃO. OBSERVATORIUM: Revista Eletrônica de Geografia, v.3, n.7, p. 66-78, out. 2011. Disponível em: http://www.observatorium.ig.ufu.br/pdfs/3edicao/n7/5.pdf [consultado em 02 de Maio 2012].

Gray, Murray (2004) Geodiversity valuing and conserving abiotic nature. Chicherter England. Disponível em: http://geoduma.files.wordpress.com/2010/02/geodiversity.pdf [consultado em 07 de Maio de 2012].


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